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ERA DIGITAL
ERA DIGITAL
Era digital ou era da informação.
Aqui já percebemos duas características importantes do período que estamos vivendo: a otimização dos fluxos informacionais no mundo, que foi possível pela evolução das tecnologias e do mundo digital.
Sem nos aprofundar realmente nessa discussão histórica, quisemos trazer aqui a reflexão sobre o que significa fazer arquitetura na era digital, tangenciando, também, questões do aprender arquitetura.
Uma coisa que o processo do TCC fez, por nós, foi introduzir discussões que não surgiram nos nossos anos de graduação mas que são, realmente, bem importantes.
Falar desse tema (representação arquitetônica e comunicação de ideias) e falar sobre isso em meio a uma pandemia e utilizando plataformas digitais, sendo uma delas uma rede social (o instagram), nos fez pensar no impacto dessas plataformas na nossa profissão.
Vamos começar contando uma breve história:

Então inicialmente criamos um instagram para colocar os desenhos que havíamos produzido a partir do concurso,
e essa era a carinha dele:

Essa foi uma experiência interessante por ser a primeira vez que produzimos desenhos para essa mídia, e começamos a perceber como o local onde desenhos serão apresentados influencia como esses desenhos são pensados e produzidos.
Levamos em consideração questões como o tamanho da tela, a quantidade de informações e a legibilidade dos desenhos, a possibilidade do que é chamado “carrossel” ou “slide” (que são essas galerias de imagens), a composição das imagens no perfil e a leitura delas nele (que é diferente da ordem de postagem).
Enfim, foram vários pontos considerados e aqui começamos a pensar mais sobre eles, inclusive o foco maior na imagem ao invés da legenda.
archicast 119trecho
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Trecho do episódio 119 do Archicast. Fala da arquiteta Amanda Ferber, criadora do perfil Architecture Hunter.
As it is with images, so it is with words. With their abbreviated texts and emphasis on the visual, content hubs and social media platforms synergise perfectly as digital armatures for posting, sharing and commenting in a chorus of mutual reinforcement. With no building studies or long form articles, readers are encouraged to ‘have your say’, conveying an illusion of participative democracy.
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Percebemos, com esse teste, que talvez essa plataforma fosse um lugar interessante para tentar esse contato maior com os alunos da Escola de Arquitetura, e com a volta às aulas e o retorno do nosso ITCC decidimos repensar nosso perfil, criando uma identidade visual pro projeto.
O conexo surgiu aqui como essa tentativa de ser um canal de comunicação, e para isso começamos a criar conteúdos no formato de “dicas” referentes à representação, tentando manter uma abordagem mais abrangente (e não criar tutoriais de como fazer um diagrama no software X). Esse tipo de conteúdo derivou de uma vontade de compartilhar conhecimentos que adquirimos ao longo do nosso percurso na graduação, aliado a novas pesquisas para aprofundamento dos temas.
Mas aí… algumas questões nos fizeram repensar seu uso. Se quiser saber mais sobre o processo do ITCC e os caminhos que ele percorreu, falamos isso na página
o conexo:

Aqui vamos iniciar a discussão que queremos nessa página e focar na questão do consumo de imagens que está associado a essa rede social, e à internet de modo geral. Começamos a perceber a incompatibilidade entre o tempo gasto para fazer uma única postagem e o retorno que ela estava nos dando como contribuição para o trabalho.
O consumo de informações nas redes sociais é imediatista, na maior parte do tempo, e começa a envolver outras variáveis como algoritmos, engajamento, relevância, interação… O sucesso de um conteúdo não necessariamente está associado à sua qualidade, e a relevância do assunto abordado não necessariamente garante interação.
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Com as mídias atuais, a capacidade de atenção de um público-alvo é sensivelmente reduzida pelo número de estímulos que competem entre si diariamente e pela disponibilidade de opções de visualização, tanto em dispositivos móveis como em ambientes.
Hoje muitos estudantes e escritórios de arquitetura usam o Instagram como um portfólio, um modo de divulgar seu trabalho para outros arquitetos ou para chegar em potenciais clientes.
ARQUICAST 119 - TRECHO 02 - PORTFOLIO.mptrecho
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Trecho do episódio 119 do Archicast. Fala da arquiteta Amanda Ferber, criadora do perfil Architecture Hunter, e do arquiteto Luiz Paulo Andrade
Mas se por um lado essa possibilidade do seu trabalho chegar em mais pessoas é um potencial para “conseguir mais trabalho”, por outro, como lidar com a quantidade de imagens, perfis, referências, informações que podemos encontrar por lá? Como se destacar, fazer com que as pessoas se interessem pelo seu trabalho e que procurem saber mais sobre ele?

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Os desenhos de apresentação estão
cada vez mais tornando-se material determinante em um mercado de crescente consumo da imagem. Mas
tudo parece acontecer de modo automático, sem uma reflexão sobre
o que isso realmente significa e as implicações de uma arquitetura de renders e imagens tratadas.
Estamos tão inseridos nessa realidade (de redes sociais) que ela já se apresenta como uma verdade e fazemos uso dela sem pensar em suas implicações.
Ao assistir recentemente a um documentário sobre minimalismo, uma observação acerca do consumismo me chamou atenção: antes [das redes sociais] nos comparávamos aos nossos vizinhos e familiares, hoje nos comparamos a pessoas de diferentes culturas, classes sociais, realidades.
Isso tem influência tanto na arquitetura que estamos produzindo, quanto na representação que usamos para comunicar o projeto.
Fizemos essa postagem abaixo para o instagram, e acreditamos que ela caiba aqui nessa discussão agora:
A citação no final dessa galeria acima foi retirada de um artigo que contribuiu para nossa reflexão em algo que não havíamos considerado antes, algo que chamamos de “efeito pinterest”.
Primeiro, se você não sabe o que é o Pinterest, podemos associá-lo a um quadro de inspirações online, onde você pode salvar imagens de qualquer lugar da internet em pastas, com link para o site de origem da imagem.
É uma ferramenta com imenso potencial e que permite encontrar e organizar referências de modo rápido, mas que pode incitar ao uso dessas inspirações de modo descontextualizado e como um ideal a ser atingido.
For anyone studying or practising architecture, these online repositories of images are a guilty godsend, providing a vast flick book of ‘inspo’ and decontextualised project options that can be simply adapted to suit. It might be unfair to blame the internet for the ‘casualisation’ of architecture, of imitating without understanding, but it is now part of a wider cultural frame of reference, driving a feedback loop of how the built environment is presented and perceived.
Yet beyond what might be encountered in a book or magazine, digital organisms are characterised by a grotesquely amplified sense of commodification and detachment. Digital labyrinths throng with meticulously buffed buildings and objects reflecting back an airbrushed world of production and consumption, strategically detached from any distracting wider social or political concerns.
Within this community without propinquity, images are the dominant currency, swamping the viewer/voyeur.
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Como saber o que é confiável ou de qualidade? Como fazer esse filtro?
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Uma disciplina de projetos que tivemos, há alguns anos, nos fez apresentar referências de projeto e explicar o por quê de cada escolha, realmente ir atrás dos projetos e das relações que aquelas referências tinham com o projeto a ser desenvolvido.
Foi interessante perceber que essas escolhas de referências são feitas de modo tão rápido e automático que, geralmente, não analisamos as nossas escolhas e o impacto delas no nosso projeto. É muito fácil, para o aluno, buscar mais referências e se perder na quantidade ao invés de observar mais profundamente os projetos mais relevantes
Pedro Arantes, na sua tese de doutorado, defende uma “nova condição da arquitetura”, que é alimentada pelos projetos premiados e ocupa “o imaginário dos demais profissionais e, sobretudo, dos estudantes, como modelos a seguir”. É uma arquitetura imagética, que já nasce com a intenção de se tornar uma imagem de si mesma. .
Architectural representation is heavily influenced by other cultural shifts in areas such as advertising, fashion and graphic design. The architect's drawing style must respond to these shifts: it needs to be culturally relevant and relate to the zeitgeist.
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A arquitetura contemporânea vive hoje uma arriscada fusão com a publicidade e a indústria do entretenimento.
Uma prática muito interessante, que vemos como uma consequência relevante do ERE (ensino remoto emergencial), foi o uso de plataformas digitais online para entrega de projetos na Escola de Arquitetura da UFMG. Apresentações que antes eram expostas nas cavaletes e paredes da Escola, agora estão em sites e perfis de instagram.
Com isso, se tornam referências para o que está sendo produzido pelos alunos e podem ser visitados e analisados para além do período de exposição, que antes era algo em torno de uma semana.
Como chegamos a comentar na discussão sobre meio ou fim, a associação da representação como um produto traz também a venda desses “modos de preparo”. Como tudo mais que estamos discutindo aqui nesse trabalho, temos pontos a serem considerados.
Se por um lado temos uma maior disseminação do conhecimento, a chance de surgirem iniciativas para criar uma fórmula de fazer certo tipo de desenho sem considerar o que é melhor para cada projeto específico é grande. Se esses tutoriais muitas vezes diminuem o sofrimento dos alunos quanto ao “como fazer tal coisa”, por outro eles podem suprimir o “por que fazer tal coisa”.
Podemos ficar nesse “ou isso ou aquilo”, como diria Clarice Lispector, por várias linhas aqui, mas gostaríamos de deixar uma percepção pessoal sobre como essa publicidade é feita, e isso não é só para a arquitetura. Cada vez mais vemos o uso de estratégias vendendo um certo e errado, ou uma fórmula mágica para o sucesso, mas o processo é pessoal e pressupõe um momento de exploração e descobrimento.
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E aqui podemos também entrar nas questões estéticas associadas aos desenhos, que pode ir desde a discussão do que se está transmitindo com um render hiper realista até o tipo de desenho que tem mais apelo, mais curtidas, mais impacto.
O gosto pessoal, apesar de ser difícil de abordar, tem um peso significativo nessa brincadeira de referências e imagens e “o que te chama a atenção”.
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Falamos um pouco mais dessa característica estética do desenho na página design, cola lá pra conferir.
Como colocado pelos professores, o modo como essas inspirações são usadas deve ser discutido para que não sejamos dominados pelas ferramentas de busca. Lidar com a quantidade excessiva de informações diz respeito ao nosso tempo, assim como a globalização de ideias.
Por isso, é interessante que tenhamos os problemas definidos de forma clara ao procurar referências, para que ao compreender as circunstâncias das soluções propostas em contextos diversos consigamos transformá-las à luz das nossas necessidades.
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