COMUNICAÇÃO
Ao construir uma ideia, as informações associadas ao projeto são absorvidas e transmitidas de forma constante entre os agentes envolvidos. Dessa forma, as etapas da projetação compreendem em seu desenvolvimento múltiplos processos de comunicação e estes são muitas vezes estruturados com o auxílio da representação gráfica.
Considerando um processo simplificado da realização de um projeto arquitetônico podemos perceber que a cada etapa há um processo de tradução de informações.
detalhamento executivo para efetivação da estratégia escolhida
descrição do problema com auxílio de diagramas e textos
decisão dos clientes
esboços das possíveis soluções
De acordo com Laseau, a comunicação é estabelecida em três contextos diferentes:
INDIVIDUAL
"The challenge of developing an ability to communicate rapidly with ourselves on increasingly complexity while trying to see them in comprehensive, systemic terms." (LASEAU, p. 179, 2000)
O “pensar graficamente” varia conforme os processos básicos do pensamento:
concreto
deliberado
atento
detalhado
sequencial
abstrato
rápido
bruto
holístico
paralelo
conceitual
busca ordem ou significado da experiência, tem uma experiência e a compara com outras e tenta interpretá-la à luz da realidade que conhece
perceptivo
tenta absorver a experiência direta do ambiente
privado
comunicar-se consigo mesmo
público
desenvolve ideias se comunicando com outras pessoas
E experimentá-los, para além de entender seus pontos em comum e adversidades, estimula a visualização das nossas individualidades favorecendo então a personalização do processo.
Independente da estratégia adotada, seja ela mais abstrata ou sistemática, é importante que estejamos confortáveis com o método de pensamento, para que ao expressá-los a comunicação seja eficaz.
Susan, neste áudio, compartilha um pouco de seu processo de comunicação individual. Ao desenvolver a revista que apresenta o seu TCC ela percebeu, por meio de tentativa e erro, que a sua relação com a ferramenta influenciava na forma de visualização e entendimento da própria ideia.
Quando percebe a necessidade de ter uma base da relação entre os elementos, para depois passar para o InDesign, ao passo que “retorna” ao papel para desenhar a estrutura que compõe a revista, ela estabelece uma comunicação clara com os próprios pensamentos.
Como iniciei as disciplinas de projeto utilizando a plataforma BIM, o ArchiCAD se tornou a ferramenta na qual me sentia confortável em trabalhar.
Por várias vezes, iniciei a concepção de ideias já nesta plataforma, e por várias vezes me senti “travada” frente à tela em branco. Hoje consigo entender que os projetos acabavam ficando com formas parecidas pois eram desenhadas conforme o aprendizado da ferramenta.
Posteriormente cursei uma disciplina de PFLEX, Instrumentação para Projeto Arquitetônico, na qual fomos estimulados em dois aspectos que impactaram diretamente o meu processo.
O primeiro estímulo se deu frente a busca e utilização de referências: o acesso à internet nos permite ter acesso ao trabalho de colegas do mundo inteiro através das telas de dispositivos eletrônicos, mas como absorver as particularidades dos projetos para além da “beleza” das imagens?
O segundo estímulo foi referente ao desenho à mão - sempre tive proximidade com o desenho, principalmente após ter participado de um curso de Linguagem Arquitetônica, onde tive a oportunidade de praticar o desenho de observação, e mesmo com esse histórico não me sentia apta a projetar usando as mãos. Nessa disciplina experimentei apresentar ideias com o auxílio do lápis e do papel inicialmente e percebi que assim conseguia entender e transpor as ideias de forma mais fluida (Alice).

Diego
02:22
Em diversos momentos durante a graduação nos vemos entretidos em um processo de projeto que é só nosso, o que faz parte do período de aprendizagem. Mas atuando profissionalmente, na maioria dos casos a tomada de decisões e aplicação das mesmas estarão subdivididas entre uma equipe, pois mesmo que toda a concepção de projeto seja individual, outros profissionais serão necessários para torná-lo realidade.
EQUIPE
"The challenge of communicating to motivate, to share goals, and to bring the fullest impact of each team member’s expertise and concerns on the problems". (LASEAU, p. 179, 2000)
Nesse contexto, a habilidade de se comunicar graficamente apresenta um grande potencial construtivo de ideias, principalmente se pensar no trabalho em equipes multidisciplinares e internacionais.
O “gráfico” pode então ser manipulado enquanto código comum para a comunicação durante o processo em questão.
Considerando o trabalho em equipe podemos perceber ainda que o contexto online imposto pela pandemia do Coronavírus influenciou diretamente na relação entre colegas, pois percebemos que em muitos casos as estratégias de comunicação foram reformuladas.
Particularmente, tenho dificuldade em descrever ideias de forma objetiva. Por isso vejo na representação gráfica a possibilidade de comunicar como as coisas se relacionam no meu imaginário sem impor um ideal, mas sim abrindo um novo leque de associações.
O gif abaixo foi desenvolvido durante uma disciplina de projeto que exemplifica essa estratégia, nesse caso utilizada para representar a relação entre variações de tipologias e cheios e vazios entre pavimentos da edificação.

PÚBLICO
"The challenge of developing communication methods that cross the boundaries of traditional professional language to allow the public equal access to the designing and building process." (LASEAU, p. 179, 2000)
Se considerarmos ainda o movimento de aproximação entre o processo de projeto e o seu público alvo, podemos perceber que há uma necessidade explícita de revisão perante a forma que estamos acostumados a nos comunicar individualmente e em equipe.
Afinal, os desenhos que produzimos não serão sempre interpretados por quem possui o entendimento técnico.

